O mercado imobiliário está passando por uma transformação significativa, impulsionada pela crescente preocupação com sustentabilidade, eficiência energética e impacto ambiental. Nesse contexto, as certificações verdes surgem como um diferencial competitivo, atestando que um empreendimento atende a rigorosos critérios de construção e operação sustentáveis.
Neste texto, exploraremos a importância da sustentabilidade no setor imobiliário, as principais certificações ambientais, os benefícios para investidores e moradores, além das tendências futuras para construções ecoeficientes.
Por Que a Sustentabilidade Importa no Mercado Imobiliário?
A construção civil é uma das indústrias que mais consomem recursos naturais e geram resíduos. Segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB), o setor é responsável por:
40% do consumo global de energia
30% das emissões de CO?
50% da extração de matérias-primas
Diante disso, a adoção de práticas sustentáveis não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para reduzir impactos ambientais e atender a uma demanda cada vez maior por imóveis verdes.
O Que os Consumidores Buscam?
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Redução de custos (energia, água, manutenção).
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Qualidade de vida (ventilação natural, iluminação eficiente).
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Responsabilidade socioambiental (empresas com ESG forte).
Principais Certificações Verdes no Mundo
Várias organizações desenvolveram selos que comprovam a sustentabilidade de um imóvel. As mais reconhecidas globalmente são:
1. LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)
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Criado pelo USGBC (EUA) – Avalia eficiência hídrica, energia, materiais e qualidade do ar.
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Níveis: Certified, Silver, Gold e Platinum.
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Exemplo no Brasil: Torre Santander (SP), primeiro prédio LEED Platinum do país.
2. AQUA-HQE (Alta Qualidade Ambiental)
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Baseado no modelo francês – Adaptado para o Brasil pela Fundação Vanzolini.
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Foco: Conforto térmico, acústico e saúde dos ocupantes.
3. BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method)
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Origem britânica – Um dos mais antigos, com critérios rigorosos em carbono zero.
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Destaque no Brasil: Edifício Rochaverá (SP), primeiro BREEAM Outstanding.
4. WELL Building Standard
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Foco na saúde humana – Avalia ar, água, nutrição, iluminação e bem-estar mental.
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Diferencial: Prioriza produtividade e qualidade de vida em escritórios.
5. EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies)
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Do IFC (Banco Mundial) – Certificação acessível para mercados emergentes.
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Objetivo: Reduzir 20% do consumo de energia, água e materiais.
Benefícios das Certificações Verdes
Para Incorporadoras e Construtoras
Valorização do imóvel (até 30% mais valor que convencionais).
Redução de desperdícios (otimização de materiais e mão de obra).
Diferencial competitivo (atrai investidores e compradores conscientes).
Para Compradores e Locatários
Economia nas contas (luz e água até 50% mais baratas).
Maior conforto térmico e acústico.
Valorização na revenda (imóveis verdes têm liquidez maior).
Para o Meio Ambiente
Menos emissões de carbono (edifícios neutros ou positivos).
Uso de materiais reciclados e renováveis.
Preservação de recursos hídricos (captação de água da chuva).
Como Obter uma Certificação Verde?
O processo varia conforme o selo, mas geralmente inclui:
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Pré-avaliação – Definição de metas (ex.: eficiência energética nível Gold).
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Projeto sustentável – Arquitetura bioclimática, sistemas de reúso.
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Execução com materiais certificados – Madeira reflorestada, tintas não tóxicas.
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Auditoria e monitoramento – Verificação pós-obra e operação.
Desafios no Brasil
Apesar do crescimento, o país ainda enfrenta barreiras:
1. Custo Inicial Mais Alto
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Tecnologias sustentáveis podem elevar o preço em 5 a 15%, mas se pagam em médio prazo.
2. Falta de Incentivos Governamentais
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Poucos programas de financiamento para construções verdes (comparado a EUA e Europa).
3. Desconhecimento do Mercado
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Muitos compradores ainda não valorizam certificações na hora da decisão.
Tendências Futuras
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Net-Zero Buildings – Edifícios que produzem toda a energia que consomem.
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Bioconstrução – Uso de bambu, terra compactada e outros materiais naturais.
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Cidades Inteligentes – Integração com mobilidade sustentável e IoT.
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Blockchain para Rastreabilidade – Garantia de origem ecológica dos materiais.